Mas se em se tratando de Paradas a palavra de ordem é visibilidade à ca

Décadas atrás, negros eram proibidos de entrar em determinados ambientes e mulheres eram proibidas de votar. Se não fosse a força dos movimentos negro e feminista as coisas ainda estariam como eram. Se um primeiro negro – ou grupo de negros – não tivesse ousado questionar o sistema e entrado onde lhe era negado o direito de entrar, ainda viveríamos uma espécie de Apartheid. Agora, com essa negativa da Prefeitura de Niterói em autorizar a realização da Parada em Icaraí vivemos um momento de Apartheid social em Niterói. Pessoas LGBT estão proibidas de entrar em Icaraí por setores conservadores e preconceituosos. É assim que devemos ler.
É preciso também parar para pensar quando falamos em autorização da Prefeitura. Desde quando para se fazer uma manifestação política – portanto, sem fins lucrativos – precisamos de autorização do governo? Este não é um evento de caráter autorizativo. O direito de se manifestar está garantido na Constituição brasileira a qualquer cidadão. É um direito inalienável. Os governos locais e os órgãos de segurança pública têm que prover as condições necessárias para essa manifestação, mas NÃO AUTORIZAR. Um secretário de Saúde, por exemplo, não pode negar uma ambulância para um evento deste tipo. A Polícia Militar não pode negar segurança. É bom também que, além de Jorge Roberto Silveira, a prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panisset (por coincidência do mesmo partido que Jorge, o PDT), tenha isto em mente. Depois que soube que fizemos uma manifestação com show na Praça Zé Garoto pelo Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, ela chamou o secretário de Cultura ao seu gabinete para saber quem nos tinha autorizado a fazer o evento na praça. Pode?? Não pedimos auorização para ocupar um espaço público que é de todas e todos, apenas procuramos os órgãos da prefeitura para nos ajudar na logística, ou seja, para prover as condições necessárias ao evento.
O problema é que as Paradas, por terem música e arte, são muitas vezes confundidas com shows ou micaretas. Não são iguais e nem têm fins lucrativos. Apenas nos manifestamos de uma roupagem diferente. No lugar dos megafones de antigamente, falamos ao microfone. No lugar das kombis de som, usamos trios elétricos. E a música faz parte da cultura gay. Uma feminista anarquista do século XIX chamada Emma Goldman dizia: “De nada me serve a sua revolução se eu não puder dançar”. E não se dança sem música. Então música faz parte de uma revolução ou manifestação. E se você algum dia puder escolher entre ficar parado ou dançar, eu espero que você dance. Neste caso, prefeito Jorge Roberto Silveira, “ficar parado” significa se deixar dobrar por apelos conservadores, “parar no tempo”. “Dançar” significa ouvir uma parcela da população que também te elegeu. Espero que o sr. dance conosco!
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