terça-feira, 16 de agosto de 2011

Kassab veta a criação do Dia do Orgulho Heterossexual


São Paulo não terá o Dia do Orgulho Heterossexual. Em entrevista exclusiva ao Agora, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) revela que vetou o projeto de lei aprovado na Câmara por considerar a ideia despropositada. Segundo ele, o heterossexual não precisa de dia para se afirmar.
Agora - O senhor vai sancionar o projeto que cria o Dia do Orgulho Heterossexual?

Gilberto Kassab - Vetarei o projeto do orgulho heterossexual porque é despropositado. O heterossexual é maioria, não é vítima de violência, não sofre discriminação, preconceito, ameaças ou constrangimentos. Não precisa de dia para se afirmar. Em determinados momentos históricos, as mulheres, os negros, minorias raciais e outros sofreram brutalidades, ofensas e hoje têm os seus dias no calendário. Essas datas, sim, têm sentido, pois estimulam a tolerância, a paz e a solidariedade entre as pessoas.


LEIA O EDITORIAL DO JORNAL "FOLHA DE SÃO PAULO"

Orgulho vetado

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) acertou ao decidir vetar o inoportuno projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal que instituía o Dia do Orgulho Heterossexual na cidade de São Paulo.

A iniciativa denotava um inconformismo com a afirmação de direitos dos homossexuais. Seu autor, vereador Carlos Apolinario (DEM-SP), nega que o projeto estimule qualquer preconceito. Mas não oculta que sua justificativa é o duvidoso argumento de que "a sociedade está acuada diante de tanto ativismo gay".

Não se trata de cercear o direito de todos os grupos e pessoas, organizados ou não, de exteriorizar sua opinião, nos limites da legalidade. Se o vereador, ou quem quer que seja, desejar manifestar-se contra o que considere um ataque à orientação heterossexual, não deve ser reprimido.

Pode organizar marchas, proferir discursos, escrever artigos, o que estiver a seu alcance -como fazem, por exemplo, os defensores da legalização da maconha. Bem diverso é fixar um dia no calendário oficial da cidade para reassegurar uma camada amplamente majoritária na população, cuja "defesa" pode valer como senha para atacar quem é diferente.

Como disse o prefeito Kassab, "o heterossexual é maioria, não é vítima de violência, não sofre discriminação, preconceito, ameaças ou constrangimentos, não precisa de dia para se afirmar".

A criação do Dia do Orgulho Heterossexual traz ainda mais desconforto à luz das recentes agressões a homossexuais. A avenida Paulista, símbolo internacional da cidade, já foi palco de crimes motivados por preconceito. No interior, um pai e seu filho foram atacados de maneira covarde ao serem tomados por um casal gay.

A Câmara Municipal de São Paulo tem autonomia para abordar os assuntos que considerar adequados. A prática de instituir celebrações um tanto descabidas no calendário oficial é arraigada no Legislativo e não necessariamente nefanda -pode louvar a contribuição de determinado grupo, por exemplo, sem a controvérsia e o risco acarretados pelo Dia do Orgulho Heterossexual.

Melhor seria, todavia, que a vereança se debruçasse sobre temas mais relevantes para a cidade.  

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