quarta-feira, 24 de março de 2010

O Petróleo também é nosso! E nossa luta também é de tod@s!


*Well Castilhos

Foi a primeira vez que o movimento LGBT organizado apareceu com destaque ao fazer parte de uma manifestação política em que não estavam em jogo demandas do segmento, mas sim, questões inseridas em uma macro-política. A presença do movimento LGBT na manifestação Rio pelo Petróleo, durante a “"Caminhada em defesa do Rio, contra a covardia", fez história. Nunca, em nenhuma das manifestações políticas de que o Rio foi palco – como a Campanha das “Diretas Já!”, de 1984, e os Caras Pintadas pelo impeachment do ex-presidente Collor de Melo – gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais apareceram de forma tão destacada, como um segmento único, organizado.

O protesto contra a emenda do petróleo – a chamada Emenda Ibsen, que redistribui a receita de royalties do petróleo, tirando do estado do Rio de Janeiro e dos municípios fluminenses mais de R$ 7 bilhões – ficará na história do Estado e do país, mas desta vez as fotos que ficarão para a posteridade mostrarão também bandeiras do arco-íris, que ocuparam as Avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, no Centro do Rio. Apesar da chuva, o protesto reuniu mais de cem mil pessoas, muitas se abolotavam embaixo das marquises, enquanto outras acenavam das janelas dos prédios ao som do hino nacional cantado pela diva gay Jane di Castro. Foi bonito ser brasileiro, mais ainda ser carioca. De fato, muitos disseram que o Ato parecia uma Parada Gay!

Foi bem legal ver todos os segmentos sociais lá, lutando por uma mesma causa, especialmente o nosso, para não dizerem que defendemos apenas nossas demandas específicas: o fim do preconceito e da homofobia no país, o casamento gay, o direito à adoção de crianças por casais homoafetivos. Na verdade, penso que o que movimento LGBT deveria fazer é arregimentar o máximo de forças de fora do movimento, tornar a nossa causa a causa dos outros, fazer de nossas demandas uma demanda inserida na macropolítica, uma demanda universal. É difícil, mas o dia que conseguirmos o apoio das massas e de outros movimentos – e aí vêm à minha memória as massas e movimentos que vimos reunidos na Avenida Rio Branco – e conseguirmos fazer com que eles marchem conosco, algumas pedras do nosso caminho serão retiradas, ou pelo menos se tornarão mais leves.

Foi verdadeiramente um movimento de massa! Digo isso tendo em vista o que vi, de minha experiência empírica, sem imaginar ou ter ilusões do que vai acontecer daqui pra frente – se vamos ganhar ou perder esta causa. Isso é outra história, sabemos que o veto a essa emenda absurda vai depender dos arranjos políticos, dos tapinhas nas costas que vão rolar daqui pra frente em cenários que não entramos.

Mas acho que, em se tratando de manifestações e atos públicos, o Rio mostrou que ainda está em forma.

*Well Castilhos é jornalista e presidente do Grupo Liberdade LGBT de São Gonçalo

Um comentário:

  1. Olá Well, como vai?
    Foi realmente um marco a presença do movimento LGBT neste evento. Eu não pude comparecer ao ato, mas soube da presença das bandeiras do arco-íris por meio de um amigo que lá esteve. Eu mal acreditei. Achei a princípio que ele tinha se equivocado, pois realmente nunca tinha visto os grupos gays se unirem por uma causa que não tivesse relação com a militância. Sò tive a confirmação depois de receber o e-mail de atualização do seu blog. Estão de parabéns!

    Ah, uma pergunta: por acaso vc costuma receber insultos de fanáticos religiosos aqui no seu blog? Cara, eu recebo demais. Ignoro sempre, mas desta vez, resolvi dar uma minha resposta. Fiz um texto sobre isso. Depois se puder comenta lá pra dar uma forcinha e engrossar o coro contra este povo alienado. Abração!

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