*Well Castilhos
Onde há fumaça há fogo. O velho dita explica, em muito, o porquê de os ataques dos adversários sobre a candidata do Partido dos Trabalhadores à presidência, Dilma Rousseff, se concentrarem em temas tidos como “polêmicos” ou ligados à moral, como é o caso do aborto e dos direitos dos homossexuais. Isto se deve porque o PT tem sido tradicionalmente um partido plural, de onde nascem e se concentram os movimentos sociais – especialmente os que reúnem mulheres e a população LGBT. Tem sido visto como um partido que respeita e defende os direitos das chamadas “minorias sexuais”. Não à toa, temas como o aborto foram discutidos como nunca antes se viu no país, especialmente durante os quatro últimos anos do governo Lula.
E também foram as posições libertárias expressas por Dilma ao longo de sua campanha no primeiro turno em relação ao tema que possivelmente a levaram ao segundo turno. E pensar que havia um tempo em que se procurava votar no candidato que fosse mais honesto, sincero e que se mostrasse mais consciente com a dura realidade do país. Não é preciso explicar aqui que ao falar em “dura realidade” me refiro às milhares de mulheres que morrem em decorrência da criminalização da prática do aborto nesse nosso país, tão adiantado em certos aspectos e tão atrasado em outros.
Na verdade também não é à toa ela estar sendo “atacada” por defender os direitos de gays, lésbicas, travestis e transexuais. Durante o governo Lula, ele também os defendeu e até convocou uma Conferência Nacional, que reuniu LGBTs de todo o país em Brasília, em 2008. Não somente convocou, como também esteve presente.
Mas por que então, durante as duas últimas vitoriosas campanhas de Lula à presidência, tais temas não vieram à tona, mantendo a disputa num nível mais elevado? Por que escolheram Dilma para ser a “defensora do aborto e dos gays” e uma das protagonistas de uma das mais “baixas” disputas eleitorais de todos os tempos?
Primeiramente porque foi apenas em seu segundo mandato como presidente que Lula ousou tocar em tais “feridas”. E agora sabe-se – e a própria candidata assume isto – que o governo Dilma será uma continuação do projeto Lula. Assim, teme-se uma segunda Conferência Nacional LGBT e avanços em relação à questão do aborto – a candidata já defendeu a garantia dos direitos da mulher de interromper uma gravidez, pelo menos nos casos previstos em lei. E os setores conservadores já estão cansados de feministas e militantes LGBT gritando por seus direitos, né.
Em segundo lugar porque o Brasil vive hoje um momento evangélico. Não que nas eleições de 2002 e 2006 as religiões evangélicas – principalmente as pentecostais – já não estivessem crescendo ou que já não existisse a chamada “bancada evangélica”. Sim, pastores já estavam metidos (e à vontade) na política e nos partidos como se fossem seus púlpitos. É que naquela época eles estavam mais sossegados.
E no momento atual, encorajados pelo fato de uma candidata evangélica à presidência ter se mostrado forte o suficiente para levar a disputa a um segundo turno, os setores católicos e evangélicos mais conservadores saíram de suas tumbas – onde descansavam desde a campanha contra a Jandira Feghali ao Senado, em 2006, por esta ser favorável à descriminalização do aborto. E agora estão completamente à vontade – vejam os outodoors do Malafaia – e dominam a cena pública e política nacional, ditando suas regras e dogmas para aquela ou aquele que pretende ganhar a eleição. Se quiser ser o presidente ou a presidenta, tem que dançar conforme sua música, ou ler direitinho sua cartilha. E parece que os dois candidatos, ávidos por chegar ao Planalto, estão fazendo exatamente o que esses “caras” querem: não avançar, por questões morais, em questões importantes para parcelas significativas da sociedade e transformar o Brasil num país conservador e chato de se viver, onde boa parte da população não terá direito à voz.
Ontem, um boato de que Dilma havia fechado acordo com evangélicos contra a união civil circulou pela internet. Mas hoje, ao assistir no Youtube entrevista concedida ontem mesmo por ela a diversos meios de comunicação, pude respirar mais aliviado. Ela fala em laicidade, em limites das religiões, na diferença entre “casamento” – instituição religiosa – e “união civil” – direito de tod@s – e sobre os limites do PL 122. Vale a pena assistir em http://www.youtube.com/watch?v=OOizc1bfAuM.
É claro que ela tem que contemporizar um pouco, afinal o voto dos evangélicos é importante e, além disso, ela necessita do apoio do Crivella e do Garotinho. Mas quais os limites disso? A candidata tem que estar atenta a isso, para não perder o apoio de suas bases e se afastar da ideologia principal de seu partido.
Mas é importante que percebamos que Serra e Marina sabem que, embora milhões de mulheres brasileiras façam aborto, na hora de falar sobre o assunto, mesmo elas se colocam contra (devemos lembrar que a prática é considerada crime, né). E mesmo cada família tendo entre seus membros pelo menos um LGBT, na hora de falar em “união civil” (que todos acham erroneamente que seja a mesma coisa que “casamento”) o preconceito sempre surge. Eles – Marina, Serra e cia – sabem disso e só trouxeram esses temas que geram preconceitos à tona para esta eleição porque têm conhecimento de que o PT é um partido que nunca teve medo de tocar e enfrentar tais assuntos. Ou seja, parecem estar usando contra o PT exatamente aquilo que ele sempre teve de melhor: a representação das minorias.
*Well Castilhos é jornalista, presidente do Grupo Liberdade LGBT de São Gonçalo e membro do PT daquela cidade.
Tudo certo. O que me deixa muito preocupado é o fato deta condidata não ter escrupulos de ir até os famintos veder sua alma para conseguir votos, agora além de usar a fome e pobreza para Tudo certo. O que me deixa muito preocupado é o fato desta candidata não ter escrúpulos de ir até os famintos vender sua alma para conseguir votos, agora além de usar a fome e pobreza para angariar votos, custe o que custar, ela se junta a qualquer "grupo" que possa lhe trazer uns votinhos a mais.
ResponderExcluirO que fico pensando sobre este tipo de comportamento é se não estamos retrocedendo ao "coronelismo" quando se comprava o voto por um metro chita. Afinal, quanto vale os votos dos Gays ? será que os Gays são tão burros que não enxergam as falcatruas do tão inescrupuloso PT ? será que nos, os gays, já esquecemos os José Dirceu da vida ? ou será que eles pensam que não sabemos qual a diferença entre “Casamento Civil e Casamento religioso, eu, particularmente acredito que, a grande meta dos gays seja a “União Civil”, quanto o que tange a religião, cada gay que decida qual a que se enquadra melhor a sua fé. Só não acho certo é votar em partido que não mede as conseqüências dos perigos que podem causar ao seu povo na hora de buscar seus votos. Não precisa ser conhecedor da política para ver na cara desta D. Dilma a mentira, a falta de preparo, ela como o Lula são bonecos de marionete na mão de velhas raposas que os usam como suas iscas, para continuar suas roubalheiras, afinal , se o PT fosse tão eficiente, não teria aparecido nas manchetes como o campeão de escândalos e corrupções. Eu não acredito mesmo neles.