No episódio da quinta-feira (21/7) de A Grande Família, produção também exibida pela Rede Globo, o personagem Paulão (Evandro Mesquita) reencontra seu irmão gêmeo, Fabinho. Eles não se viam há anos por Paulão não aceitar a homossexualidade do irmão. Fabinho vai ao encontro dele para convidá-lo para seu casamento com seu companheiro, em clara alusão à decisão do Supremo Tribunal Federal que, em maio, reconheceu as uniões estáveis de pessoas do mesmo sexo. A história do episódio girou em torno da relação entre os irmãos, do beijo gay e da polêmica de realizar um casamento gay no clube do bairro de pessoas conservadoras e preconceituosas. O micro representando o macro, ou seja, o bairro na verdade, na mensagem dos autores do programa, era o Brasil.
Na história, o casal gay é discriminado no taxi do Agostinho (Pedro Cardoso), que os expulsa do carro ao vê-los se beijando no banco de trás. O casal também sofre preconceito dos moradores (talvez representando aqueles telespectadores de Insensato Coração), que se unem para boicotar o casamento dos dois no clube do bairro. Fabinho chega até a ser ameaçado de agressão física, mas a forma natural com que a Família Silva – Lineu, Dona Nenê e Bebel – soube lidar com o casamento dos dois foi muito bom de ver. Aliás, o episódio foi tudo de bom, justamente por retratar, de forma inteligente e criativa, um preconceito existente em nossa sociedade e situações possíveis de existir (como a tal "repugnância" que muitos dizem sentir ao presenciar um beijo gay"). E o mais interessante é que foi exibido numa hora bem oportuna, em que a novela das nove teve que "cortar" tramas que abordam exatamente tais situações. Parabéns aos autores do texto, à direção do programa e aos atores.
Na cena final, o personagem Agostinho "permite" que o casal se beije em seu táxi, tampando o olho para não ver o beijo gay. Algo como fechando o olho para a realidade. Detalhe: ele tampa os olhos, mas de vez em quando dá aquela olhadela...
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