Gostaria de compartilhar com vocês um projeto de intervenção que (FINALMENTE) conseguimos iniciar. Desde o início do ano letivo de 2012 (e principalmente após os recentes casos noticiados de bullying nas escolas de Vitória e do Rio Grande do Sul), temos apresentado palestras sobre BULLYING, DIVERSIDADE e SEXUALIDADE a alunos (dos 4º e 5º anos, de idades entre 9 e 13 anos) e professores de escolas municipais de São Gonçalo.
As apresentações se dividem em 2 partes: na primeira hora, palestra e dinâmica de grupo com alunos/as e, num segundo tempo, palestra seguida de uma conversa de sensibilização/troca de experiências com professores/as. Depois já de algumas escolas, sinto que posso dividir algum feedback destes encontros:
- os alunos têm se mostrado extremamente receptivos, alguns demonstram terem um certo conhecimento de conceitos como "orientação sexual" ("ser gay x ser hetero", dizem), sexo/gênero, homofobia e racismo, por exemplo, e, mais importante, muita vontade de aprender e demonstrar o que é politicamente correto, ou seja, o respeito pelas diferenças (isto tem ficado nítido nas atividades DESCONTRAÍDAS de dinâmica de grupo que desenvolvemos após a apresentação de slides e das dimensões conceituais). Sabemos que a escola não é atualmente o único lugar onde eles "aprendem" sobre sexualidade: há a internet, a televisão, revistas, a família, amigos. Tal "bagagem" faz com que eles levem para a escola uma certa "disciplina/matéria oculta" e uma construção social fixa dos papéis de meninos e meninas - como cada sexo deve se comportar, se vestir, com quem se relacionar afetivamente etc. DESCONSTRUIR isto parece ser, a princípio, o grande desafio. Mas como procuramos desenvolver nosso projeto com estudantes pré-adolescentes, de mentes ainda em formação, acho que a experiência tem sido exitosa, uma vez que acreditamos que NINGUÉM nasce homofóbico ou racista.
Para falar da construção das modalidades de violência na escola, abordamos com eles a distinção entre DIFERENÇA e DESIGUALDADE, como as diferenças (sejam elas de cor/raça, orientação sexual, gênero, físicas etc) são salutares e devem ser valorizadas, que o problema acontece quando transformamos tais diferenças em desigualdades, fazendo-os REFLETIR que todos somos diferentes mas não somos desiguais. Ou seja, trabalhamos com a POSITIVAÇÃO e VALORIZAÇÃO das diferenças, tanto que, ao final, todos acabam fazendo a saudação VIVA AS DIFERENÇAS! É um momento lindo com as crianças! Eles acabam percebendo a sutil diferença entre as noções de diferença e desigualdade, e que somos iguais perante a lei. É claro que daqui pra frente eles se depararão, em seu cotidiano, com o racismo, o sexismo e a homofobia (em casa, com amigos, no trabalho, na escola), mas acredito que eles, ouvindo estas mensagens na idade em que estão, vai-lhes permitir criar um contraponto, para que criem suas PRÓPRIAS OPINIÕES e POSICIONAMENTOS frente a estes temas, e não sigam o que diz o SENSO COMUM simplesmente.
Para falar da construção das modalidades de violência na escola, abordamos com eles a distinção entre DIFERENÇA e DESIGUALDADE, como as diferenças (sejam elas de cor/raça, orientação sexual, gênero, físicas etc) são salutares e devem ser valorizadas, que o problema acontece quando transformamos tais diferenças em desigualdades, fazendo-os REFLETIR que todos somos diferentes mas não somos desiguais. Ou seja, trabalhamos com a POSITIVAÇÃO e VALORIZAÇÃO das diferenças, tanto que, ao final, todos acabam fazendo a saudação VIVA AS DIFERENÇAS! É um momento lindo com as crianças! Eles acabam percebendo a sutil diferença entre as noções de diferença e desigualdade, e que somos iguais perante a lei. É claro que daqui pra frente eles se depararão, em seu cotidiano, com o racismo, o sexismo e a homofobia (em casa, com amigos, no trabalho, na escola), mas acredito que eles, ouvindo estas mensagens na idade em que estão, vai-lhes permitir criar um contraponto, para que criem suas PRÓPRIAS OPINIÕES e POSICIONAMENTOS frente a estes temas, e não sigam o que diz o SENSO COMUM simplesmente.
- A grande constatação é que são os/as professores/as que demonstram maior RESISTÊNCIA à temática da sexualidade e que são eles/as, muitas vezes, os mais preconceituosos, como já havia detectado a pesquisa da REPROLATINA. Eles, que deveriam ensinar o respeito à diversidade também demonstram preconceito contra os alunos homossexuais ou, no mínimo, total desconhecimento do tema. Muitos se vêem presos a seus valores religiosos. estes, acabam, mais cerdo ou mais tarde dizendo que respeitam seus alunos igualmente, mas que acreditam que o "homossexualismo" (sic) é doença mesmo e não acha certo haver leis específicas que protejam a população LGBT.
Outros acham que o professor já tem coisas demais pra fazer para adquirir mais esta responsabilidade de EDUCAR OS ALUNOS EM SEXUALIDADE e no RESPEITO ÀS DIFERENÇAS.
Aliás, acho que é por isso que nossos adversários no campo político têm se preocupado tanto com a Educação, ora forçando o governo a retirar o Projato Escola sem Homofobia, ora apresentando projetos de lei que proíbam o uso de material que discuta a sexualidade e orientação sexual na escola. Porque eles já perceberam que este é o CAMINHO e um campo profícuo para a DESCONSTRUÇÃO de preconceitos e violências. E acho que é aí que devemos penetrar cada vez mais.
O projeto é uma parceria do Grupo Liberdade/Santa Diversidade com o CLAM/UERJ (cujo material Gênero e Diversidade na Escola tem nos sido de grande valia).
Well Castilhos
Well Castilhos
Manda este projeto para mim.
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